Frigorífico de Guanambi abate animal com cisticercose e chama a atenção da população para o problema do abate clandestino de animais, 30% da carne consumida na Bahia não são fiscalizadas
26 de fevereiro de 2020A GBI Frigorífico de Guanambi abateu um suíno na manhã da última sexta feira (21) e logo foi constatado pelos veterinários que atuam na empresa, que o animal apresentava uma doença denominada de cisticercose.
A cisticercose é uma doença causada pelos ovos do verme platelminto Taenia solium e ocorre quando a pessoa ingere alimentos ou água contaminados por eles. Três dias após a ingestão dos ovos, eles se transformam em larvas que caem na corrente sanguínea podendo se alojar em várias partes do corpo como músculos, cérebro, pulmões, olhos e coração.
O complexo teníase-cisticercose está ligada à maneira como os animais são mantidos, ou seja, nos sistemas de produção onde os suínos são criados presos e não ter acesso às fezes dos seres humanos.
Muitas pessoas confundem a cisticercose com a teníase, já que são causadas pelo mesmo verme. Mas as duas doenças são distintas, uma vez que a cisticercose se dá por conta da ingestão dos ovos da Taenia solium e, a teníase, se dá pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata no intestino delgado de seu hospedeiro. Um animal com a cisticercose deve ser eliminado, como foi feito pelo frigorífico.
Em contato com o site Radar Guanambi, Vitor Moraes diretor da GBI Frigorífico disse que a cisticercose suína, a teníase e a neurocisticercose humana causadas por Taenia solium, são problemas graves de saúde pública.
Consideradas endêmicas em muitos países, nos quais a persistência dessas zoonoses está relacionada a fatores culturais e sócio-econômica tais como, condições higiênico-sanitárias deficientes, sistemas precários de criação de suínos e não inspeção da carne, além da ausência de medidas de controle dessas doenças.
Segundo o diretor, o cuidado e a orientação na hora de comprar a carne vermelha devem ser indispensáveis. Antes de tudo, na hora da escolha do local, é imprescindível observar a higiene e se ele atende as exigências da Vigilância Sanitária no que diz respeito à conservação do alimento. Saber a procedência da carne livra o ser humano de consequências desastrosas para a saúde.
As doenças mais comuns, se o animal estiver doente ou mal passado, estão: a toxoplasmose, brucelose, tuberculose e a cisticercose, a mais grave de todas.
Vitor disse ainda que a GBI Frigorífico dispõe de médicos veterinários e que antes do abate todos os animais passam pela avaliação do profissional, conforme determina a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB). “O nosso frigorífico opera legalmente obedecendo todos as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde do estado da Bahia (SESAB) e vigilância sanitária de Guanambi”. Finalizou o jovem empresário.
Para combater os abatedouros clandestinos que vendem a carne sem saber a procedência, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), atua nas indústrias controlando o transito inter municipal dos produtos. O diretor de inspeção, Willandesmon Silva, explica o que tem sido feito para combater os abates clandestinos. “Impedimos o fluxo de produtos sem procedência, sem documento, que mostre a origem dos produtos que passou por um processo de inspeção. A Bahia tem um programa chamado ‘Programa de Regionalização do Abate. Em 2007 nós tínhamos cerca de oito matadouros frigoríficos no estado. Hoje, temos 26 matadouros frigoríficos. Essa evolução no nosso estado permite que a gente consuma carnes de qualidade”.
“Obviamente que o abate clandestino, aquele que não passa pelo processo de fiscalização ainda existe, sobretudo no interior, nas áreas mais desassistidas, inclusive do poder público. Aproximadamente 70% das carnes de origem animal que consumimos não são fiscalizadas, seja pela Adab ou pelo Ministério da Agricultura. Os outros 30% fazem parte das carnes comercializadas sem fiscalização”.
O diretor explica ainda que a maior dificuldade em combater os abatedouros clandestinos está em desenvolver a consciência do consumidor de que o ‘barato sai caro’.
A carne precisa estar refrigerada. Alguns açougues expõem a carne pendurada em ganchos, o que de acordo com o diretor é inaceitável. “Manteve fora do frio, com certeza é exponencial o crescimento bacteriano sobre o produto. Qualquer produto que esteja mantido em prateleiras, ou em ganchos, em questão de horas é duplicado, quadruplicado, o número de bactérias”. Disse o diretor.
Fonte:. Radar Guanambi